Gostaria de estar presente, mas como a distância é relativamente grande, gostaria de utilizar a ligação de comboios:
- teria de sair de Peniche agora (12h30m),
- deixar o automóvel - porque não há ligação rodoviária - em Dagorda para tomar o comboio da linha do Oeste às 13h00,
- chegar às Caldas da Rainha 9 minutos depois e
- esperar para tomar outro comboio às 18h58 e
- chegar a Leiria uma hora depois (19h58m).
- Para voltar teria de dormir em Leiria porque já não existe mais nenhuma ligação...
Sobre a situação de Peniche, em Fevereiro fiz um pequeno texto a chamar a atenção para a integração das ciclovias no planeamento de mobilidade
http://be-peniche.blogspot.com/2010/02/mobilidade-e-ciclovias-em-peniche.html
Além disso, existe um conjunto de estudos muito interessante sobre as implicações e os impactos dos projectos de rede de alta velocidade em Portugal (RAVE) que estão em http://www.rave.pt/
Num deles em que se faz a projecção populacional para alguns municípios do Oeste, a situação é a seguinte: vai existir (entre 2003 e 2030) um crescimento rápido da população (20 mil em Alcobaça, 10 mil nas Caldas, 6 mil na Lourinhã, 9 mil em Torres Vedras, e provavelmente, cerca de 10 mil em Peniche) nesta região.
Isso significa um aumento rápido da necessidade de utilização do transporte colectivo.
No Oeste as mobilidades são sobretudo radiais: mais a norte o movimento pendular é feito em direcção a norte (tipo Alcobaça-Leiria), a sul para sul (tipo Peniche/Torres Vedras-Lisboa), a leste para leste (Alenquer-Santarém).
Assim, a utilização da Linha do Oeste tenderia a ter uma procura crescente forte. Sobretudo faria sentido se articulada com o transporte de alta velocidade (RAVE ou Intercidades/AlfaPendular). Poderia dizer que esta linha ferroviária de Figueira da Foz-Caldas da Rainha-Meleças (combóio regional) teria mais sentido para a articulação para as linhas mais rápidas (actualmente, em Coimbra, para a linha Lisboa-Porto, e mais tarde em Lisboa para a RAVE Lisboa-Madrid), mas sobretudo para o transporte pendular Caldas-Torres Vedras-Lisboa, Caldas-Marinha Grande-Leiria, e Leiria-Coimbra-Figueira da Foz. Teria uma importância acrescida se a Base Aérea de Monte Real fosse aberta para a aviação civil comercial como tem sido reivindicação desde há muito por parte dos empresários de Marinha Grande e Leiria.
Mas para Peniche poderíamos destacar o seguinte:
- Não faz sentido uma proposta de ligação ferroviária a Peniche, como ramal da Linha do Oeste, tendo em atenção os custos envolvidos e o nível de procura;
- Existe tradição no recurso a transportes colectivos rodoviários nas acessibilidades a Peniche (sobretudo para sul - Lisboa e Torres Vedras -, mas também para norte - Caldas da Rainha);
- A aposta na melhoria do serviço na linha do Oeste poderia ser importante para a acessibilidade a Peniche se articulado com transporte rodoviário pendular. Por isso, a mobilização da população de Peniche para o apoio à linha do Oeste faz todo o sentido;
- Face às tendências actuais faz também todo o sentido reactivar a linha do Oeste como uma linha de movimento pendular de Lisboa a Leiria. Leiria dista cerca de 150 km de Lisboa e o vector que liga estas cidades é densamente povoado. Só a região Oeste poderá vir a ter um aumento populacional de cerca 80 a 100 mil habitantes até 2030. Ao mesmo tempo existe uma tendência de aumento do alcance radial do movimento pendular: hoje, muitos dos que trabalham na região da Grande Lisboa vivem na região Oeste. Com a activação desta linha essa população em movimento pendular poderia aumentar e deslocar-se mais para norte buscando zonas habitacionais com maior potencial de boa qualidade de vida;
- Peniche articula-se com esta opção 4. propondo-se a activação de uma linha rodoviária pendular com o acesso à estação de Dagorda-Peniche. Esta linha poderia já começar a ser organizada servindo Peniche-Atouguia da Baleia-Serra d'El Rei-Dagorda (6 vezes por dia para se ligar à actual linha do Oeste). Seria necessário uma modernização das estações de terminal rodoviário de Peniche (Prageira) e na estação ferroviária de Dagorda.
António Brandão Moniz