A proposta de um centro de investigação de âmbito nacional de carácter mais holístico sobre o mar permitiria associar a produção de energia, a oceanografia e a biotecnologia.
Existem já centros de investigação associados ao mar: uns mais orientados para as pescas, outros para a biologia marinha de modo mais amplo. Temos em Portugal os seguintes centros e laboratórios associados:
Centro de Estudos do Ambiente e do Mar. A sua
Área Científica Principal é a Engenharia Química e Biotecnologia. As linhas temáticas de acção são:
• Criação e a divulgação de novos conhecimentos científicos na área da qualidade do ambiente, ecologia, ecotoxicologia, geologia e recursos em zonas de ecosistemas de transição, na orla costeira e na plataforma continental
• Desenvolvimento e promoção de programas de formação e de investigação
• Prestação de serviços especializados na área do ambiente costeiro
Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e o
Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR). A
Área Científica Principal é das Ciências do Mar. E as linhas temáticas de acção são:
• Conservação e Gestão de Ecossistemas Aquáticos
• Aquacultura e Biotecnologias Marinhas
Centro de Ambiente e Tecnologia Marítimos - MARETEC no IST-UTL, e baseia-se na modelação numérica dos problemas ambientais do mar.
O
Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve aborda os processos marinhos, geológicos e o impacto das mudanças ambientais.
O
Centro de Oceanografia da FCUL tem linhas de investigação em oceanografia, botânica e zoologia marinhas, gestão de recursos aquáticos.
O
IMAR- Centro Interdisciplinar de Coimbra e está especializado em eco-sistemas, biogeoquímica ambiental, ecotoxicologia, hidrodinâmica, recursos marinhos e modelação ecológica.
Não existe ainda qualquer centro que associe as áreas acima mencionadas com as de desenvolvimento de tecnologias associadas às energias das ondas.
Na ESTM-IPL existe o
Grupo de Investigação em Recursos Marinhos na área das
Ciências Biológicas mas é um centro ainda em crescimento.
Existe a experiência de constituição em Portugal de um novo instituto internacional na área das nanotecnologias: o
I3NÉ um instituto ibérico com financiamento português, espanhol e da União Europeia. Está localizado em Braga, e a componente portuguesa integra três importantes centros de investigação na área dos polímeros, optoelectrónica, semicondutores e das ciências de materiais em geral, numa cooperação entre a FCT-Universidade Nova de Lisboa, a Universidade do Minho e a Universidade de Aveiro.
Esta experiência, apesar das suas vicissitudes, problemas, e alterações, pode ser uma referência para uma outra tentativa na área das tecnologia e energias do mar, que seja um grande centro de investigação inter-disciplinar integrando equipas de biologia marinha, engenharia de produção energética, de sistemas de distribuição e gestão da energia renovável, das ciências sociais, e outros ramos associados à investigação e conhecimento científico sobre o mar.
Uma proposta deste tipo teria sentido articulada com a possibilidade de se localizar em Peniche. Seria um motivo para localizar competências avançadas nestas áreas de cooperação científica, e de o fazer num centro urbano fora dos já tradicionais e que já concentram muitos investigadores e cientistas. Sendo uma área nova, a ser explorada, não requer massa crítica já disponível. Ela pode ser criada com a relocalização de competências. Uma relocalização que tenha como referência uma capacidade logística e institucional.
Nesse sentido, a ESTM-IPL poderia ser essa referência. E seria ainda uma oportunidade para articular com mais instituições científicas portuguesas e internacionais nestas área.
António Brandão Moniz