30/04/2010

Peniche e a linha do Oeste: uma necessidade? ou, uma necessidade!

O deputado do Bloco de Esquerda, Heitor de Sousa, vem mais uma vez a Leiria e desta feita, falar de Transportes e Acessibilidades. Será na sede distrital às 21h. Numa altura em que aeroportos estiveram bloqueados, que o TGV não tem tido evoluções, que as antigas linhas de comboio como a do Oeste não foram requalificadas, que os combustíveis aumentam, vale a pena falar desta matéria.

Gostaria de estar presente, mas como a distância é relativamente grande, gostaria de utilizar a ligação de comboios:
  • teria de sair de Peniche agora (12h30m),
  • deixar o automóvel - porque não há ligação rodoviária - em Dagorda para tomar o comboio da linha do Oeste às 13h00,
  • chegar às Caldas da Rainha 9 minutos depois e
  • esperar para tomar outro comboio às 18h58 e
  • chegar a Leiria uma hora depois (19h58m).
  • Para voltar teria de dormir em Leiria porque já não existe mais nenhuma ligação...
Enfim, a questão das acessibilidades e mobilidade é mesmo importante! Levaria 7h e 20m para ir de Peniche a Leiria em comboio...

Sobre a situação de Peniche, em Fevereiro fiz um pequeno texto a chamar a atenção para a integração das ciclovias no planeamento de mobilidade
http://be-peniche.blogspot.com/2010/02/mobilidade-e-ciclovias-em-peniche.html

Além disso, existe um conjunto de estudos muito interessante sobre as implicações e os impactos dos projectos de rede de alta velocidade em Portugal (RAVE) que estão em http://www.rave.pt/

Num deles em que se faz a projecção populacional para alguns municípios do Oeste, a situação é a seguinte: vai existir (entre 2003 e 2030) um crescimento rápido da população (20 mil em Alcobaça, 10 mil nas Caldas, 6 mil na Lourinhã, 9 mil em Torres Vedras, e provavelmente, cerca de 10 mil em Peniche) nesta região.

Isso significa um aumento rápido da necessidade de utilização do transporte colectivo.
No Oeste as mobilidades são sobretudo radiais: mais a norte o movimento pendular é feito em direcção a norte (tipo Alcobaça-Leiria), a sul para sul (tipo Peniche/Torres Vedras-Lisboa), a leste para leste (Alenquer-Santarém).

Assim, a utilização da Linha do Oeste tenderia a ter uma procura crescente forte. Sobretudo faria sentido se articulada com o transporte de alta velocidade (RAVE ou Intercidades/AlfaPendular). Poderia dizer que esta linha ferroviária de Figueira da Foz-Caldas da Rainha-Meleças (combóio regional) teria mais sentido para a articulação para as linhas mais rápidas (actualmente, em Coimbra, para a linha Lisboa-Porto, e mais tarde em Lisboa para a RAVE Lisboa-Madrid), mas sobretudo para o transporte pendular Caldas-Torres Vedras-Lisboa, Caldas-Marinha Grande-Leiria, e Leiria-Coimbra-Figueira da Foz. Teria uma importância acrescida se a Base Aérea de Monte Real fosse aberta para a aviação civil comercial como tem sido reivindicação desde há muito por parte dos empresários de Marinha Grande e Leiria.

Mas para Peniche poderíamos destacar o seguinte:
  1. Não faz sentido uma proposta de ligação ferroviária a Peniche, como ramal da Linha do Oeste, tendo em atenção os custos envolvidos e o nível de procura;
  2. Existe tradição no recurso a transportes colectivos rodoviários nas acessibilidades a Peniche (sobretudo para sul - Lisboa e Torres Vedras -, mas também para norte - Caldas da Rainha);
  3. A aposta na melhoria do serviço na linha do Oeste poderia ser importante para a acessibilidade a Peniche se articulado com transporte rodoviário pendular. Por isso, a mobilização da população de Peniche para o apoio à linha do Oeste faz todo o sentido;
  4. Face às tendências actuais faz também todo o sentido reactivar a linha do Oeste como uma linha de movimento pendular de Lisboa a Leiria. Leiria dista cerca de 150 km de Lisboa e o vector que liga estas cidades é densamente povoado. Só a região Oeste poderá vir a ter um aumento populacional de cerca 80 a 100 mil habitantes até 2030. Ao mesmo tempo existe uma tendência de aumento do alcance radial do movimento pendular: hoje, muitos dos que trabalham na região da Grande Lisboa vivem na região Oeste. Com a activação desta linha essa população em movimento pendular poderia aumentar e deslocar-se mais para norte buscando zonas habitacionais com maior potencial de boa qualidade de vida;
  5. Peniche articula-se com esta opção 4. propondo-se a activação de uma linha rodoviária pendular com o acesso à estação de Dagorda-Peniche. Esta linha poderia já começar a ser organizada servindo Peniche-Atouguia da Baleia-Serra d'El Rei-Dagorda (6 vezes por dia para se ligar à actual linha do Oeste). Seria necessário uma modernização das estações de terminal rodoviário de Peniche (Prageira) e na estação ferroviária de Dagorda.
Estas são algumas propostas que podem fazer parte da agenda do Bloco de Esquerda para a melhoria da qualidade de vida das populações do distrito de Leiria, e sobretudo no concelho de Peniche. Mas esta agenda só é viável se existir uma participação alargada na sua discussão.


António Brandão Moniz

12/04/2010

Atouguia de Baleia: Comunidade inventaria o seu património cultural

Estão a ser desenvolvidas sessões de inventário com a participação da população, numa co-organização entre a Câmara Municipal e as colectividades e associações locais. Neste sentido, já se realizaram tertúlias em Atouguia da Baleia, S. Bernardino, Geraldes e Lugar da Estrada, nos meses de Fevereiro e Março.
Assim, está em desenvolvimento o projecto de inventário participativo do Património Cultural de Atouguia da Baleia. Este projecto, associado ao Centro Interpretativo de Atouguia da Baleia (CIAB), visa o levantamento dos activos patrimoniais da freguesia, em estreita articulação com a comunidade local. O inventário participativo será posteriormente alargado a outras freguesias do concelho.

A iniciativa é muito interessante, e fundamental para a freguesia da Atouguia da Baleia, embora necessitaria de maior divulgação!

05/04/2010

BE questiona Ministério sobre apoios aos agricultores do Oeste

Notícia no jornal I online

Foram entregues, "dentro do prazo", 604 candidaturas de agricultores do Oeste aos apoios do Governo, e o BE questiona "quantas candidaturas foram aprovadas, a que sub-regiões e freguesias da região do Oeste correspondem" e "qual o montante dos financiamentos pedidos, qual o valor dos financiamentos aprovados e qual o quantitativo dos fundos efectivamente entregues".
Os agricultores na região Oeste foram prejudicados pelo mau tempo de 23 de Dezembro passado, que causou cerca 30 milhões de euros de prejuízos.