08/02/2010

Mobilidade e ciclovias em Peniche

Há uma Comissão de Avaliação da Mobilidade Para Todos da Câmara Municipal de Peniche e um Gabinete da Mobilidade. Este Gabinete pretende apoiar a gestão urbanística, de forma a garantir-se que as novas intervenções urbanísticas possuam as condições de acessibilidades, no mínimo, obrigatórias. Pretende ainda a concretização de acções de informação/sensibilização para a temática das acessibilidades. Mas acessibilidades não significa apenas o acesso a edifícios (por exemplo, para pessoas com necessidades especiais), mas também o acesso à cidade, a possibilidade de caminhar em segurança ou utilizar outros meios de transporte sem ser necessariamente o automóvel.
Neste sentido, a noção de mobilidade em Peniche (no concelho todo!) está deveras limitada:
  • a central de camionagem, que é uma das principais portas de entrada na cidade, está em fase de ruína e de degradação. Para quem lá trabalha e para por quem lá passa. Não possui dignidade, nem condições de higiene, de informação ou de estética;
  • as obras de intervenção são quase exclusivamente para o transporte privado. Não se aproveita para construir imediatamente ciclovias;
  • não existe quase informação sobre horários e percursos da linha de transporte urbano (conhecem? a folha encontra-se eventualmente acessível na central de camionagem), que é um percurso longo (poderia haver desdobramento em 2 linhas?) e confuso;
Finalmente - e felizmente - a Câmara acaba de publicar a sua proposta de Plano Estratégico de Ciclovias do Concelho de Peniche. Pretende-se que esta Rede de Ciclovias venha a permitir "que aqueles que nos visitam possam percorrer os locais mais emblemáticos do nosso concelho de forma segura, agradável e ambientalmente saudável". Até ao momento vários dos que nos visitam quase não encontram meios de poder alugar bicicletas. Quando conseguem recorrer e percorrem as ruas são muitas vezes atropelados por automobilistas que não respeitam ninguém. O mesmo acontece com os que vivem no concelho e pretendem utilizar este meio de transporte individual (por necessidade, ou por opção).
Esta proposta é interessante e, apesar de tardia, é muito importante para a melhoria da qualidade de vida em Peniche. Está bem feita, mas em alguns aspectos não é ainda clara: 
  • os acessos e modos de utilização terão em consideração que as ciclovias poderão ser utilizadas por pessoas mais idosas? Não tem sentido preparar a rede apenas para desportistas... 
  • do ponto de vista tecnológico a bicicleta tem sofrido alterações muito significativas nos anos mais recentes. É de esperar uma utilização mais intensiva de bicicletas eléctricas. Está esta rede preparada para a recarga das baterias? as "zonas de descanso/pontos de encontro" (pp. 51-53) não deveria contemplar essa possibilidade?
Não entraremos por enquanto em mais detalhe nesta observação. Mas chamamos a atenção para o facto de até ao dia 18 de Fevereiro se poder enviar um formulário on-line aqui
É necessário todos participarem e darem ideias, críticas e sugestões. 
Voltaremos mais tarde a este assunto.

A linha ferroviária do Oeste corre o risco de desaparecer

 
Está em curso uma Petição pela Requalificação e Modernização da Infra-Estrutura e pela introdução de um Serviço Ferroviário de qualidade na Linha do Oeste.
 
A linha ferroviária do Oeste corre o risco de desaparecer. Construída no final do séc. XIX para servir as populações e as cidades ao longo do litoral, entre Lisboa e a Figueira da Foz, a Linha do Oeste nunca se modernizou e a CP tem vindo a reduzir serviços, a pretexto da sua fraca utilização.

Os signatários desta Petição defendem a requalificação da linha para que permita, de futuro, a circulação de comboios rápidos de passageiros inter-cidades, assim como um eficiente serviço de mercadorias; um serviço de transporte, com adequados níveis de frequência, conforto e qualidade, garantindo-se que, pelo menos entre Lisboa-Leiria, o tempo directo de viagem não ultrapasse os 70 minutos; e, ainda, um serviço de transporte regular para todos os concelhos, nomeadamente, Torres Vedras, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha, Nazaré, Alcobaça, Marinha Grande, Leiria, Figueira da Foz, Coimbra.
 
A requalificação desta infra-estrutura assume especial importância na perspectiva de opções de mobilidade mais amigas do ambiente e alternativas à rodovia. Pela importância que esta linha representa, sobretudo a nível local e regional, pedimos-te que divulgues e assines a Petição.
 
ASSINA E DIVULGA!
 
 
Para obter o impresso da Petição, ir a:
 

03/02/2010

"Um suicídio no trabalho é uma mensagem brutal"

Em recente entrevista ao Público, Christophe Dejours, que é psiquiatra, psicanalista e professor no Conservatoire National des Arts et Métiers, em Paris, onde dirige o Laboratório de Psicologia do Trabalho e da Acção, estuda a relação entre trabalho e doença mental. Refere que nos últimos anos, três ferramentas de gestão estiveram na base de uma transformação radical da maneira como trabalhamos: a avaliação individual do desempenho, a exigência de “qualidade total” e o outsourcing. E esse fenómeno gerou doenças mentais ligadas ao trabalho. Christophe Dejours, nesta interessante entrevista, desmonta a espiral de solidão e de desespero que pode levar ao suicídio.

Outra entrevista pode ser vista a seguir (extrato do filme "Le Travail Aujourd'hui: Bilan et Perspectives")