31/01/2010

blog BE-Peniche

Como podem verificar, o Bloco de Esquerda em Peniche possui um blogue que pretende ser um meio de comunicação com os seus apoiantes no concelho e um veículo de debate. Fizemos algumas alterações de modo a adaptar esta página para que possa ser também um instrumento de informação e de actualização sobre o Bloco e sobre Peniche.
Vamos, na medida do possível, trazer aqui as informações relevantes para o debate político no concelho e propor alguns temas de reflexão e crítica que permitam alterar e desenvolver as práticas do poder autárquico para permitir a melhoria da qualidade de vida da população. Mas para isso necessitamos também da vossa participação. Não apenas com textos, mas também sugestões e ideias.

09/01/2010

Mas o Arrasto, Senhor!

Escrito por Fernando Lino publicado no Jornal de Peniche   
31-Mar-2009
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Acho espantoso que numa terra de mar, como Peniche, ninguém se insurja contra uma das práticas de pesca mais criminosa para a fauna e flora marinha: o arrasto.
Quando a União Europeia restringe as quotas de captura de algumas espécies de pescado, aqui del' rei. Juntam-se armadores, sindicatos, enfim, as corporações do imediatismo – que não pode ser, que morremos todos à fome, que vai haver desemprego, que a indústria a montante e a jusante, se vai ressentir; a cartilha da praxe. Quando o Canadá (e muito bem) limita a pesca do bacalhau, todos se erguem em protesto – que querem destruir a nossa tradição gastronómica. Porém, sobre a pesca do arrasto que arrasa tudo por onde passa e que pouco aproveita daquilo que captura, há um silêncio pro-fundo-abaixo.
Sabendo hoje que o mar não é um recurso inesgotável e que tem de ser praticada uma exploração que não desequilibre irreversivelmente os ecossistemas, seria premente pressionar a administração central a proibir esta técnica de pesca.
Por uma vez, seria interessante que fosse Portugal a proteger os seus mares não ficando à espera que a Europa decida sobre aquilo que todos os estudos pacificamente apontam como sendo uma pesca altamente predadora dos fundos marinhos – o arrasto. Nesta matéria, o pioneirismo assentava-nos bem, a nós que há muuuitos séculos atrás, fomos vanguarda nos mares e que tanto gostamos de citar tal memória colectiva.
Parece que é preciso desaparecerem as galinhas, da face da terra para que todos choremos saudosamente os ovos das ditas, estrelados, cozidos, ou em omeleta.
Num momento em que investigamos a plataforma continental, por forma a reivindicarmos a extensão da zona económica exclusiva, seria pertinente provarmos que a sabemos gerir e explorar sustentadamente.
Que melhor exemplo poderíamos dar, senão o de termos a iniciativa de proibir na ZEE nacional a pesca do arrasto?
Que me desculpem os herdeiros de França Morte e a sua capacidade de iniciativa e de investimento em unidades de pesca modernas, mas todos ganhávamos mais com a sua conversão.
A bem da nação marinha.